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Nem toda ajuda vem do céu

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“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” Tiago 1:2-4 | ARA A jornada da vida cristã pode ser comparada a um longo caminho chamado “processo”. Um processo que não é aleatório, mas divinamente planejado para nos moldar à imagem do Filho. Ao longo dessa caminhada, o Espírito Santo vai trabalhando em nós: aperfeiçoando aquilo que já é bom e corrigindo as áreas afetadas pelo pecado. Nada se perde nas mãos do Oleiro — até nossas dores e falhas tornam-se matéria-prima para algo novo. Jesus, nosso Mestre e Referência perfeita, venceu o mundo. E nós, que estamos n’Ele, somos mais do que vencedores. No entanto, não existe vencedor sem batalha. Cada vitória implica um desafio enfrentado, uma etapa superada, uma fé provada. É nesse processo que a perseverança se desenv...

Anticristo e a Falsa Ressurreição

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A imagem da Besta com uma de suas cabeças como que mortalmente ferida, mas posteriormente curada (Apocalipse 13:3), está carregada de profundos simbolismos teológicos e escatológicos que apontam para uma tentativa de usurpação da glória e do poder do Cordeiro. João, ao descrever esse acontecimento, emprega deliberadamente uma linguagem que remete à morte sacrificial de Jesus Cristo. O paralelo com o Cordeiro, que também pareceu estar morto mas está em pé (Ap 5:6), revela que a Besta tenta imitar o Cordeiro, apresentando-se como uma falsa ressurreição, uma paródia do verdadeiro Messias. No grego, o termo hos esfagmenein eis thanaton (“como ferida até a morte”) é uma construção usada para indicar algo que parece final, definitivo – uma morte aparente. A Besta, portanto, encena uma pseudo-morte e uma falsa ressurreição, numa grotesca imitação de Cristo. Esse espelhamento reforça o papel da Besta como anticristo, não apenas alguém que se opõe ao Cristo, mas que busca se parec...

Entre Likes e a Bíblia: A Nova Geração da Fé Digital

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Será que a fé digital está substituindo a comunhão real? Nos últimos anos, o crescimento vertiginoso das redes sociais e o avanço da inteligência artificial transformaram não só a forma como nos comunicamos, mas também como vivemos e expressamos nossa fé. Um estudo conduzido pelo pesquisador Allen Downey, do Olin College (EUA), já apontava há mais de uma década a correlação entre o aumento no uso da internet e o declínio da filiação religiosa. Hoje, com mais de 5,4 bilhões de usuários conectados e plataformas como TikTok, Instagram e YouTube Shorts dominando a atenção global, esse cenário se intensificou. O que antes era um alerta agora é uma realidade. A fé cristã tem sido gradualmente substituída, ou ao menos empurrada para escanteio, por um conteúdo rápido, emocional e altamente manipulável. O algoritmo se tornou uma espécie de pastor silencioso, guiando, moldando e, muitas vezes, desviando corações. Ele entrega não o que edifica, mas o que retém atenção — ainda que isso signifiq...

Janelas que mudam Destinos

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Escrevi este artigo em maio de 2015 mas decidi republica-lo.  Ao longo da Bíblia, janelas aparecem em momentos cruciais — não como simples estruturas arquitetônicas, mas como símbolos de decisões, livramentos, oportunidades e até tragédias. Elas são portais simbólicos que ligam o interior ao exterior, o íntimo ao público, o visível ao invisível. Em cada narrativa onde uma janela está presente, há também um chamado à reflexão e uma lição espiritual. 1. A Janela do Livramento (Josué 2.15) A casa de Raabe se tornaria o cenário de um milagre. Pela sua janela, espiões hebreus desceram e escaparam da morte. Uma janela comum tornou-se canal de salvação e pacto de fé. Deus ainda usa caminhos inesperados para nos livrar. 2. A Janela das Esperanças Frustradas (Juízes 5.28) A mãe de Sísera olha ansiosa pela janela, esperando um filho vitorioso. Mas ele já estava morto. Quantas vezes esperamos algo que jamais voltará? Vivemos às vezes na ilusão, ignorando a realidade que já se instal...

Resiliência no Casamento

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Nem sempre é fácil ver beleza nas dificuldades, especialmente dentro do casamento. Quando enfrentamos provas e crises, nosso primeiro impulso pode ser fugir — da dor, dos conflitos, da convivência. Mas, como ouvi de alguém muito especial: “A prova é nossa e ninguém pode vivê-la por nós. Então, enfrentemos com fé e alegria no Senhor.” Em vez de fugir do seu cônjuge, aproxime-se de Deus. Nossos olhos costumam enxergar com clareza os defeitos do outro, mas são mais lentos para reconhecer virtudes. E, muitas vezes, o que agora nos incomoda, já foi motivo de admiração. Aquela impulsividade que parecia divertida pode hoje soar como imprudência. A disciplina admirada talvez agora pareça frieza ou crítica excessiva. Em 1 Coríntios 12, aprendemos sobre a diversidade de dons e funções no corpo de Cristo. Deus nos fez diferentes e nos colocou lado a lado, não para nos frustrarmos, mas para nos completarmos. O que é verdade na Igreja, também é verdade no casamento: somos complementares. Pense...

Desperte e Caminhe

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 Você já sentiu como se estivesse vivendo no automático? Como se seu corpo estivesse em movimento, mas seu espírito estivesse parado? Há momentos na vida em que percebemos que algo dentro de nós adormeceu. Perdemos a motivação, a clareza, o foco — e, muitas vezes, até a fé. Mas há uma voz suave, persistente, que nos chama todos os dias: “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo resplandecerá sobre ti” (Efésios 5:14). Este é um convite. Não para uma religiosidade rotineira, mas para um recomeço real, profundo e corajoso. É hora de despertar. É hora de caminhar. O Primeiro Passo: Reconhecer Onde Paramos Antes de qualquer transformação, é preciso consciência. Onde foi que você parou? Em que momento sua fé deixou de pulsar? O primeiro passo é a luz de Deus revelando as áreas adormecidas — aquelas que talvez você tenha escondido até de si mesmo. E aqui está a boa notícia: Deus não nos expõe para nos envergonhar. Ele ilumina para restaurar. Ele nos desperta par...

Lavo minhas mãos: Omissão ou Acusação?

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A Lavagem das Mãos de Pilatos: Um Gesto de Evasão ou Uma Acusação Deliberada? Introdução O gesto de Pôncio Pilatos ao lavar as mãos diante da multidão que exigia a crucificação de Jesus é, até hoje, um símbolo universal de negação de responsabilidade. Contudo, uma análise histórica, cultural e teológica mais profunda revela camadas de significado frequentemente ignoradas. Seria essa atitude apenas uma tentativa de se isentar da culpa, ou Pilatos estava, na verdade, fazendo um gesto carregado de ironia, acusação e resistência? 1. O Contexto Judaico e Romano da Lavagem das Mãos No judaísmo do Segundo Templo, lavar as mãos possuía forte conotação ritual. A prática da Netilat Yadayim era observada por fariseus e outros grupos como sinal de pureza diante de Deus (Mt 15:2). Além disso, textos do Antigo Testamento como Deuteronômio 21:6-7 descrevem o uso da lavagem de mãos como um ritual público de declaração de inocência no caso de um assassinato não resolvido 1 . Já na cultura greco-romana...